O que é cognição e como protegê-la?

A cognição é um conjunto de habilidades mentais que nos permitem memorizar, pensar, expressar sentimentos por meio da fala, focar em atividades, perceber coisas por meio dos sentidos e aprender novas habilidades. Continue a leitura e saiba mais como funcionam esses processos cerebrais:

O que é cognição e como ela funciona?

Cognição é nome dado para uma série de processos mentais que acontecem no cérebro, em conjunto, como atenção, aprendizado, linguagem, pensamento, percepção e memória. A cognição usa as células cerebrais, chamadas neurônios, que interagem entre si por meio de impulsos elétricos, gerando os pensamentos por meio de processos químicos.

Todo esse processo acontece em frações de segundos e é responsável por fazer com que os seres humanos aprendam e memorizem novas informações, realizem tarefas, tenham sucesso na vida profissional, aprendam novas habilidades – como idiomas ou artesanato, por exemplo – adquiram repertório cultural por meio de experiências vividas, entre outros.

Ao longo da vida, é comum que algumas pessoas apresentem declínio cognitivo. Isso pode fazer com que apresentem menos atenção em algumas tarefas e alguns episódios de esquecimento no dia a dia podem acontecer, como não lembrar se tomou algum remédio ou confundir uma data importante. No entanto, há casos de pessoas que apresentam episódios mais severos de queda na função cognitiva, como é o caso da demência.

A demência é uma síndrome, ou seja, um conjunto de sinais e sintomas, com a perda de funções cognitivas – como memória e atenção – a ponto que interfere nas atividades e autonomia diária da pessoa. O problema se manifesta de diferentes formas e intensidade, de acordo com cada pessoa. Os sintomas podem incluir:

  • Perda progressiva de memória;
  • Mudança de personalidade;
  • Comportamento agitado;
  • Confusão mental;
  • Alucinações;
  • Incapacidade ou perda de interesse de realizar atividades habituais.

Quais são os processos cognitivos?

Pensamento – permite que a pessoa tome decisões e acesse o raciocínio, permitindo que ela avalie as opções disponíveis. É a habilidade essencial para resolver problemas.

Atenção – é a habilidade que faz com que a pessoa consiga manter o foco em determinada tarefa, mesmo acerca de distrações. A boa atenção também permite que a memória de curto e longo prazo seja melhor recuperada.

Linguagem – se caracteriza pela capacidade da pessoa compreender e expressar pensamentos e emoções por meio da fala e escrita.

Aprendizagem – é a capacidade da pessoa absorver e compreender coisas novas, integrando informações com experiências passadas e desenvolvendo a própria perspectiva.

Percepção – é o processo cognitivo que permite que a pessoas capte e processe informações a partir dos sentidos, como sons, cheiros, imagens, gostos e texturas.

Memória – é a capacidade da pessoa se recordar de acontecimentos, pessoas e informações a curto e longo prazo.

O que pode prejudicar a cognição?

A revista Lancet publicou uma lista com 12 fatores de risco modificáveis, ou seja, que podem ser evitados ou postergados, que contribuem para o declínio da cognição ao longo dos anos. Eles representam, aproximadamente, 40% dos casos de demência no mundo todo. Veja quais são:

Baixa escolaridade – o estímulo da cognição é mais importante nos primeiros anos de vida. Isso porque a capacidade cognitiva aumenta durante o período escolar, por meio da educação, antes de estabilizar ao final da adolescência. Ao final desse período, os ganhos cognitivos com a educação são pouco expressivos. Estudos sugerem que pessoas que tiveram pouco ou nenhum acesso à educação estão mais suscetíveis ao declínio cognitivo.

Perda auditiva – pessoas com perda auditiva estão sujeitas à redução cognitiva devido à falta de estímulo de funções da própria cognição. Por outro lado, o uso de aparelhos auditivos, se possível, pode atenuar e/ou prevenir o problema.

Traumatismo craniano encefálico – as causas mais comuns são acidentes de carro e motocicleta, ferimentos por quedas e armas de fogo ou traumas repetidos a médio e longo prazo, como os causados em boxeadores.

Hipertensão arterial – a pressão alta (sistólica acima de 140 mm Hg) não tratada durante a meia idade, por volta dos 55 anos, está associada a um risco maior de demência tardia.

Diabetes – estudos apontam o diabetes como fator de risco para demência, sendo que ele é aumentado de acordo com a gravidade e duração da doença.

Ter maus hábitos de sono – dormir de sete a nove horas por dia é essencial para a manutenção das funções cognitivas, principalmente a memória. Por outro lado, adultos de meia-idade com insônia tendem a ter maior declínio cognitivo e risco aumentado para demência.

Tabagismo – pessoas fumantes tem mais risco de desenvolver doenças que prejudicam a saúde cerebral, como mini derrames ao longo do tempo de tabagismo, em comparação a não-fumantes. Um estudo feito com 50 mil homens com mais de 60 anos mostrou que parar de fumar por mais de quatro anos reduziu o risco de demência nos oito anos sequenciais, em comparação com a continuação do hábito.

Exposição a poluentes do ar – partículas de poluentes tóxicos no ar podem acelerar processos de degeneração cerebral por meio de doenças cerebrovasculares e cardiovasculares, prejudicando as funções cognitivas.

Consumo excessivo de álcool – está diretamente relacionado ao declínio das funções cognitivas, já que prejudica e diminui a velocidade da comunicação entre os neurônios. Os sintomas mais comuns dos danos causados são perda progressiva de memória, fala arrastada e sonolência. A longo prazo, pode causar demência.

Sedentarismo – a falta de exercícios físicos aumenta as chances de desenvolvimento de doenças crônicas, como problemas cardiovasculares, AVC, diabetes e obesidade, que prejudicam a saúde do cérebro.

Pouco contato social – o isolamento social, que tende a se tornar mais comum na terceira idade, pode provocar um declínio na memória e nas habilidades de pensamento. Por outro lado, manter contato com amigos e familiares com frequência, mesmo que por pouco tempo, tem fator de proteção nas funções cognitivas.

Depressão – devido ao baixo estímulo das células nervosas, causado pela doença, pode haver um declínio das funções cognitivas.

Obesidade – estudos relacionam a obesidade com um risco elevado para demência ao longo da vida. Também foi relada melhora da memória após perda de peso ao longo de oito e 48 semanas.

O que ajuda a preservar ou melhorar a cognição?

Ao contrário dos fatores de risco evitáveis para o declínio cognitivo, manter bons hábitos de saúde e de estilo de vida ajudam a proteger as funções cerebrais:

  • Praticar exercícios físicos;
  • Ter uma dieta equilibrada, com o consumo de vegetais in natura;
  • Praticar atividades de lazer, prezando pela interação social;
  • Não fumar;
  • Limitar a ingestão de bebidas alcoólicas a, no máximo, sete unidades por semana;
  • Manter doenças crônicas, como hipertensão e diabetes, sob controle;
  • Cuidar da saúde mental e buscar ajuda profissional, quando necessário;
  • Prezar por bons hábitos de sono.

Referências